quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A Torre do Tombo

por Helena B.

Fernão Lopes exerceu o alto cargo que lhe foi atribuído por D. João I, nos inícios do século XIV, no Arquivo Geral do Reino, situado numa das torres do Castelo de São Jorge em Lisboa, na chamada Torre do Tombo. Curiosamente, a palavra tombo deriva do grego, tómos, que designa um pedaço de papiro e que hoje significa volume de um livro. Em 1755, devido ao terramoto que destruiu grande parte de Lisboa, o arquivo foi transferido para o Mosteiro de São Bento, atual Palácio de São Bento. Só em 1990 o arquivo viria a merecer um edifício construído de raiz.
 
 
Hoje, a Torre do Tombo é um edifício moderno, integrado na Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, localizado na Cidade Universitária, onde continuam a ser guardados todos os documentos do Estado Português. Com um espólio riquíssimo, a Torre do Tombo apresenta uma Biblioteca-arquivo, onde investigadores encontram a documentação mais importante de toda a historiografia de Portugal. Na Torre do Tombo são também promovidas exposições temáticas que possibilitam a observação de documentos autênticos da História de Portugal.
 
 
Fontes:
Programa da RTP, A Alma e a Gente, por José Hermano Saraiva, http://youtu.be/B9u12axBOIg, 22.01.2014
 

 

Construtores da Língua Portuguesa: Fernão Lopes

por Cláudia S.

Fernão Lopes foi um cronista-historiador do século XIV, que terá nascido em Lisboa entre 1380 e 1390, data início de uma das épocas mais importantes da história de Portugal que conduziria à crise de 1383-1385 e terá falecido em 1460. Escrivão de D. João I, foi nomeado guarda-mor das escrituras da Torre do Tombo, cargo que desempenhou também nos reinados seguintes de D. Duarte, D. Pedro e de D. Afonso V. Os documentos mais antigos, onde consta a sua assinatura, datam de 1418. Em 1419 o Infante D. Duarte incumbe-lhe a tarefa de pôr em livro a história dos sete primeiros reis de Portugal. No prólogo da crónica dedicada a D. Pedro I podemos compreender o seu pensamento sobre o poder temporal, revelando preocupações com o exercício da justiça: "estabelecido por serem os maus castigados e os bons viverem em paz".



A sua principal obra foi a crónica de D. João I, onde o cronista descreve com grande vivacidade e fervor as movimentações do povo em defesa de Lisboa, na altura do cerco por parte dos Castelhanos. Na crónica de D. João I podemos perceber a tese da soberania inicial do povo, que expressa o direito que lhe assiste de avocar a soberania, uma vez quebrada a linha de sucessão direta, como veio a suceder com a morte do rei D. Fernando e com a eleição do mestre de Avis.
 

As suas crónicas, para além de constituírem documentos autênticos sobre factos históricos, revelam um trabalho linguístico que foi determinante no desenvolvimento da Língua Portuguesa, em termos lexicais, sintáticos e semânticos. Graças à pena de Fernão Lopes, o Português escrito pode evoluir, encontrar novas formas de dizer por escrito que enriqueceram e contribuíram para a consolidação de uma gramática da Língua Portuguesa.

 
Os seus méritos no desempenho do cargo de Guarda-Mor da Torre do Tombo mereceram o reconhecimento de D. Duarte que o distinguiu com uma tença de 14.000 réis anuais e carta de nobreza. É já em idade avançada que é substituído por Gomes Eanes de Zurara no cargo que o ligou para sempre aos construtores da Língua Portuguesa e à Torre do Tombo.

E da sua história de vida retiramos, pelo menos, um ensinamento:
Para progredirmos, só temos dois caminhos: ou o esforço, ou o esforço.

Fonte: http://coloquio.gulbenkian.pt/bib/sirius.exe/do?bibrecord&id=PT.FCG.RCL.ILU.3781.2
 
 
Fontes de consulta:
Nota: imagens retiradas da net

 

domingo, 19 de janeiro de 2014

Eugénio de Andrade (19 janeiro -13 de junho)

Urgentemente

É urgente o amor,
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,  alguns lamentos, muitas espadas.

 É urgente inventar alegria,
 multiplicar os beijos, as searas,
 é urgente descobrir rosas e rios
 e manhãs claras.

 Cai o silêncio nos ombros e a luz
 impura, até doer.
 É urgente o amor, é urgente
 permanecer.
 
Eugénio de Andrade, in Até Amanhã

A Universidade de Coimbra

por Helena  Batista

A Universidade de Coimbra, sob o lema de “símbolo de uma cultura que teve impacto na humanidade", foi classificada pela UNESCO, no dia 22 de Junho de 2013, Património Mundial da Humanidade. Fundada em 1290 pelo rei D. Dinis, nela se iniciaram em Portugal os primeiros estudos em Artes, Leis, Cânones e Medicina, oferecendo às classes privilegiadas, os estudos necessários para o desenvolvimento do país. Hoje, organizada em oito faculdades, a Universidade de Coimbra oferece todos os graus académicos (arquitetura, educação, engenharia, humanidades, direito, matemática, medicina, ciências naturais, psicologia, ciências sociais e desporto).


Na década de 6o do século XIX, a Universidade de Coimbra foi palco de controvérsias ideológicas, que colocaram em confronto o velho Portugal com as ideias novas que se faziam sentir pela Europa moderna e que viriam a contribuir para o debate sobre o Ensino e a Educação em Portugal, nas célebres conferências do Casino em Lisboa. Eça de Queirós, Antero de Quental e Ramalho Ortigão foram algumas das figuras que se destacaram nesta polémica, que acabou por ser silenciada, com o encerramento das conferências por ordem do poder real.

Célebre pelas tradições académicas, na Universidade de Coimbra se desenvolveram as primeiras Tunas, que remontam a 1888, por onde têm passado vozes e músicos célebres como José Afonso, Artur Paredes e Luís Goes. Estes agrupamentos musicais que se distinguem pela guitarra e pelo canto divulgam o espírito da cidade de Coimbra que é fortemente marcado pela saudade.


Da Universidade de Coimbra faz parte a Biblioteca Joanina, construída no século XVIII, sobre um espaço prisão que foi cárcere do Paço Real, sendo considerada “o casamento perfeito entre o saber e a arte”, segundo Carlos Fiolhais.
 
 
Situada no Palácio das Escolas da Universidade de Coimbra, no pátio da Faculdade de Direito, a Biblioteca Joanina foi construída sob a égide do rei D. João V, em 1717, que também mandou erigir o Convento de Mafra, monumento que também integra uma imponente biblioteca, não poupando meios para nelas concentrar todo o esplendor da arte barroca. Um espaço riquíssimo, decorado a ouro, onde os morcegos encontram alimento e ajudam a conservar a memória dos autores antigos que são os livros.