quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Língua Portuguesa

 Última flor do Lácio, inculta e bela,
 És, a um tempo, esplendor e sepultura:
 Ouro nativo, que na ganga impura
 A bruta mina entre os cascalhos vela
 Amo-te assim, desconhecida e obscura
 Tuba de algo clangor, lira singela,
 Que tens o trom e o silvo da procela,
 E o arrolo da saudade e da ternura!
 Amo o teu viço agreste e o teu aroma
 De virgens selvas e de oceano largo!
 Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
 Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
 E em que Camões chorou, no exílio amargo,
 O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
 
Olavo Bilac, in "Poesias"

Sem comentários:

Enviar um comentário